Na última década, quem acompanhou o noticiário de TI, se deparou com uma série de notícias falando o quanto as empresas estavam investindo em migrar os ambientes de tecnologia para a Nuvem. Até hoje, aliás, muitas organizações vêm passando por essa etapa da tal Transformação Digital em busca de diversos benefícios, entre eles, redução de custos. Mas será que no caso do ERP, especificamente, vale a pena migrar para a nuvem quando se trata de corte de despesas? A resposta é: nem sempre!
Em artigo recente publicado pelo portal CIO, o autor John Edwards conversou com uma dezena de C-Levels globais para destacar quais serão as dez prioridades deles em 2024. Uma delas, segundo Ola Chowning, Digital Lead for North Europe da consultoria ISG, é que a maioria das empresas opte pela otimização e redução de custos. A justificativa, na opinião da especialista, é que à medida que as organizações começam a emergir do seu impulso inicial para a nuvem, muitas delas experimentaram, na verdade, uma explosão de custos em vez de uma base de despesas racionalizada que esperavam.
É inegável a tendência das empresas em levar “tudo” para a nuvem. No entanto, no que tange ERP, é preciso considerar alguns fatores essenciais para ponderar se essa alternativa é, de fato, viável. Primeiramente, porque a migração exige um investimento considerável com novos licenciamentos, treinamentos e consultorias.
Há setores, por exemplo, que são extremamente regulamentados, exigindo um forte investimento em ferramentas, processos, manutenção e consultorias para deixar tudo em compliance com todas as exigências de cada órgão. Além disso, dependendo da criticidade dos dados, há que se considerar ainda o risco de ameaças cibernéticas e vazamento de informações sensíveis, o que pode gerar, além de multas, perda de credibilidade, crise reputacional e um enorme prejuízo financeiro.
Soma-se a isso o fato de que a nuvem não oferece a previsibilidade de gastos que muitas empresas gostam. Como o cálculo é feito sob demanda de uso, as despesas oscilam bastante, pegando muitos CFOs desprevenidos com os valores abusivos dos serviços (de transferências de dados, manutenção, armazenamento, etc.), já que o modelo de preços adotado pela maioria dos provedores de serviços em nuvem é um tanto complexo.
Ao “colocar na balança” os grandes investimentos feitos em sistemas de ERPs locais e o quanto seria necessário para migrar este ambiente a nuvem é possível afirmar que a alternativa não é válida para todas as organizações, principalmente quando há empresas habilitadas a promover as atualizações necessárias no ativo físico.
Felizmente existem profissionais para analisar e ajudar nessa tomada de decisão. Importante mesmo é não seguir o hype de mercado e avaliar se essa migração trará, de fato, uma otimização de custos – tão sonhada pelos CFOs – ou somente mais uma incerteza financeira.
Confira abaixo as demais tendências apontadas pelo autor no artigo:
- Tenha mais controle sobre os dados: Para Jae Evans, CIO global e vice-presidente executivo da Oracle, todos temos grandes quantidades de dados de fontes distintas. O uso correto de certas tecnologias tende a torná-los mais significativos e disponíveis para uso no contexto certo. No entanto, isso exige uma estratégia robusta de gerenciamento de dados.
- Ache o equilíbrio entre inovação e excelência operacional: Orla Daly, CIO da Skillsoft, acredita que os líderes de TI em 2024 devem concentrar-se em alcançar o equilíbrio entre as suas inúmeras iniciativas, favorecendo a inovação, mas sem deixar de lado a excelência operacional.
- Reforce a cibersegurança: Na opinião de Juan Orlandini, CTO para a América do Norte da Insight Enterprises, vivemos uma pandemia de segurança cibernética no momento, e é importante que os CIOs se concentrem ao máximo nos esforços para evitar ciberataques.
- Desenvolva talentos: Para Monica Caldas, CIO e vice-presidente executiva da Liberty Mutual Insurance, é preciso criar uma abordagem rigorosa para preparar nossa força de trabalho de TI para o futuro.
- Aprofunde-se na IA: Segundo Ahmed Fessi, diretor de transformação e informação da Medius, os CIOs precisam aproveitar as vantagens das soluções avançadas de IA, mas garantindo o uso seguro e responsável da tecnologia.
- Aprimore a visão digital da empresa: Diane Schwarz, CIO da Johnson Controls, acredita que somente por meio da digitalização alcançaremos a aceleração necessária para fornecer insights críticos para nossos clientes e nossa organização.
- Enfrente a escassez de talentos em IA: Na opinião de Gaudy Jandron, CIO da US Signal, os CIOs em 2024 precisarão fazer parceria com líderes empresariais para desenvolver programas que ajudem todos os funcionários a se adaptarem às novas formas de trabalhar, incluindo a IA.
- Fortaleça a governança de dados: Ao ter uma visão clara e atual dos processos internos relevantes, os CIOs, em 2024, ajudam as equipes de tecnologia a desenvolver soluções cognitivas voltadas para melhorias transformadoras de processos, diz Mike Shanko, CTO da Blue Yonder.
- Crie valor: Segundo Jeremy Rafuse, vice-presidente de local de trabalho digital e TI da GoTo, explorar tecnologias novas e disruptivas é uma forma eficaz de agregar valor aos clientes e permanecer competitivo.
FONTE: CIO.COM