O evento Street Smart 2024, organizado pela Rimini Street, reuniu líderes empresariais e especialistas para explorar as interseções entre a transformação digital impulsionada por tecnologias emergentes como inteligência artificial analytics e cloud, e os desafios críticos da reforma tributária no Brasil. Realizado em junho, em São Paulo, o evento ofereceu um panorama abrangente sobre como novas tecnologias estão moldando o futuro das empresas, ao mesmo tempo em que examinou as implicações da atual proposta de reforma tributária para o ambiente de negócios nacional.

Crescimento e Rentabilidade em Era de IA, Analytics e Cloud

Assista a apresentação de Seth Ravin

A palestra “Acelerando o Crescimento e a Rentabilidade em Era de IA, Analytics e Cloud”, ministrada por Seth Ravin, CEO e Presidente do Conselho da Rimini Street, destacou a abordagem da empresa para desmistificar tecnologias como Inteligência Artificial, Computação em Nuvem e Analytics. Ravin enfatizou a importância de os CFOs compreenderem essas tecnologias e seu impacto no negócio antes de investir nelas.

Ravin explicou que a IA é um potente algoritmo que resolve problemas complexos, e o Analytics é uma ferramenta para obter dados úteis para o negócio e enfatizou a necessidade de um planejamento cuidadoso e conservador, além da importância de iniciar pequeno para validar a viabilidade de projetos de IA, pois a má qualidade dos dados pode comprometer qualquer implementação tecnológica.

Ravin também alertou sobre a tendência de focar excessivamente  na tecnologia, sem alinhar os projetos com os objetivos de negócios para garantir retorno sobre o investimento (ROI). Ele mostrou que, no Brasil, 69% dos CFOs relataram aumentos em seus orçamentos dedicados a TI, o que reflete a importância crescente da digitalização nas estratégias empresariais. No entanto, dados mostram que apenas 22% dos CFOs estão satisfeitos com os resultados desses investimentos, evidenciando desafios significativos na eficácia e estratégia dessas iniciativas.

Em se tratando de sistemas de missão crítica que são essenciais para a operação, Ravin defende uma abordagem estratégica e flexível na integração de IA nos sistemas ERP. “É tempo de cautela, onde entender as consequências de seguir cegamente os novos modelos de negócios dos fabricantes de software, talvez não seja a melhor alternativa. Jogar tudo fora e comprar tudo de novo com modelos de licenças talvez traga a ideia de flexibilidade, mas não a previsibilidade de custos, o que impacta a rentabilidade da empresa e da área de TI”, explicou o executivo. Ele destacou duas abordagens principais: inovar dentro do ERP Monolítico ou nas bordas com um Composable ERP. A segunda abordagem, um conceito promovido pelo Gartner®, oferece maior flexibilidade e integração de diversas fontes de dados e sistemas, permitindo selecionar os melhores do mercado – por exemplo, quem atualmente domina mais a tecnologia de Inteligência Artificial -, alinhando melhor os investimentos tecnológicos com os objetivos de negócios e maximizando o ROI.

Em resumo, a palestra de Seth Ravin foi um chamado para que as empresas adotem uma abordagem estratégica na implementação de IA, focando na qualidade dos dados, planejamento cuidadoso e alinhamento com os objetivos de negócios para maximizar o retorno sobre o investimento e minimizar os riscos.

Reforma Tributária

Assista a palestra completa

Assunto tão importante quanto estratégias de implementação de tecnologias emergentes, a Reforma Tributária foi fortemente discutida no evento, em um painel que trouxe a visão dos C-Level sobre o assunto e também em uma palestra com Fernando Mombelli, Auditor Fiscal da Receita Federal.

Em sua palestra, “A importância da reforma tributária: desafios e próximos passos”, Fernando Mombelli fez um overview bastante abrangente sobre o assunto e  trouxe à tona a importância de uma completa reforma tributária para o desenvolvimento econômico do Brasil e para uma melhor distribuição de renda. Mombelli descreveu o quadro atual como caótico, sem pontos de melhoria, necessitando uma transformação completa.

Os problemas do modelo atual incluem a divisão do consumo entre os entes federativos, alíquotas diferentes e diversas bases de cálculo, falta de padronização, ineficiência arrecadatória, disputa entre entes federativos, distorção na concorrência e guerra fiscal entre os estados. Além disso, há resíduos tributários nas exportações e problemas na tributação, tanto na origem, quanto no destino.

A reforma tributária proposta visa simplificar o sistema, garantir segurança jurídica, reduzir custos burocráticos, promover equidade e extinção de privilégios, combater a evasão fiscal e assegurar a neutralidade das decisões econômicas, sem aumentar a carga tributária. Espera-se que esses princípios resultem em mais investimentos e empregos.

Mombelli ressaltou os princípios de justiça e transparência fiscal, cashback para as camadas mais pobres, simplicidade, proteção ao meio ambiente e cooperação entre administrações tributárias e contribuintes. Especificamente, a neutralidade da tributação, uniformidade da legislação e não cumulatividade são cruciais.

Com o split payment, a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) – componentes do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) Dual, coração da Reforma Tributária do consumo – serão recolhidos no momento do pagamento ao fornecedor. A transição para o novo modelo ocorrerá até 2032. “Estamos construindo uma casa nova, mas ainda temos que morar na casa velha”, disse Mombelli.

Por fim, a implementação do cadastro único eliminará diferenças entre estados e cidades, contribuindo para o fim da guerra fiscal e promovendo um ambiente mais justo e competitivo para as empresas brasileiras.

Painel sobre o Impacto da Reforma Tributária e Tecnologias Emergentes

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Wagner Brilhante destacou a transparência como um aspecto positivo crucial da reforma tributária. Ele enfatizou que a iniciativa representa um avanço significativo na clarificação dos impostos incidentes sobre produtos comercializados entre estados. Essa maior transparência visa eliminar distorções e vantagens indevidas que eram exploradas anteriormente, proporcionando um ambiente mais equitativo para todas as empresas. Além disso, ao focar na renda dos produtos, a reforma busca garantir que a tributação seja mais justa e alinhada com a verdadeira capacidade contributiva das empresas, promovendo um cenário competitivo mais justo e transparente para o mercado.

A insegurança política envolvendo a reforma tributária foi uma das preocupações expostas por Leandro Ferrari, CFO da Coopadap. Ele destacou que, apesar das expectativas de que a reforma simplifique e desburocratize o processo tributário, ainda persiste uma grande incerteza sobre como as mudanças serão implementadas e seus impactos reais no ambiente empresarial. Essa falta de clareza pode resultar em um aumento da carga tributária para as empresas, o que, por sua vez, pode elevar os custos de produção. A insegurança política mencionada por Ferrari acrescenta um elemento de instabilidade, pois as empresas precisam planejar suas operações e investimentos futuros sem ter uma visão clara do cenário tributário que enfrentarão. Esses desafios tornam crucial um diálogo contínuo entre o governo, as empresas e os especialistas para mitigar riscos e garantir que a reforma contribua efetivamente para um ambiente econômico mais estável e competitivo.

“A reforma busca eliminar resíduos tributários e simplificar a legislação. Com o split payment, as empresas poderão focar em atender seus clientes sem se preocupar tanto com economias tributárias”, essa foi uma das opiniões de Fábio Guerra, Gerente de Política e Economia na CNI, ressaltando a importância de um período de transição adequado. O split payment é um mecanismo onde o pagamento de tributos é dividido entre diferentes destinatários, geralmente o fornecedor e o governo, facilitando a conformidade fiscal e reduzindo a carga administrativa para as empresas.

Fernando Mombelli também questionou sobre a duração da transição da reforma tributária. Ele apontou que a extensão desse período de transição é diretamente influenciada pelos benefícios fiscais já existentes, que precisam ser considerados e ajustados durante o processo de implementação. Essa reflexão evidencia a necessidade de encontrar um equilíbrio entre a urgência de implementar mudanças necessárias e a consideração dos impactos práticos sobre as empresas já beneficiadas por incentivos fiscais.

Edenize Maron, diretora-presidente da Rimini Street, levantou que a pauta da reforma está na mesa de todos os CEOs e CFOs por forçar decisões estratégicas e de longo prazo, como priorizar e entender o timing adequado para empresas considerarem a migração de sistemas ERP para a nuvem em um ambiente de instabilidade, ou focarem em inovações incrementais nas plataformas existentes, especialmente diante do impacto iminente da reforma tributária. Ela enfatizou a importância de uma avaliação detalhada do custo-benefício e dos potenciais impactos antes de decidir pela migração completa. Maron ressaltou que, ao optar por uma mudança tão significativa quanto a migração de um sistema ERP neste momento, os executivos devem considerar cuidadosamente os aspectos financeiros, fiscais e tecnológicos envolvidos. Além disso, ela indicou que adotar um modelo de Composable ERP pode ser uma abordagem mais vantajosa, permitindo a otimização da tecnologia enquanto se mantém a integridade dos sistemas legados.

Por sua vez, Paulo Zimberger de Castro, Diretor Institucional da AFRAC, concluiu enfatizando a importância de um preparo estratégico robusto das empresas diante da nova realidade tributária: “As áreas tributárias serão mais estratégicas e decisivas e essa mudança exigirá não apenas adaptação legal, mas também a adoção de tecnologias avançadas para compreender completamente os impactos nos negócios e na cadeia produtiva”. A implementação bem-sucedida da reforma tributária demandará das empresas uma capacidade contínua de análise e adaptação, utilizando ferramentas tecnológicas para garantir conformidade, eficiência operacional e competitividade no mercado.

Estudo de Caso: Faber-Castell

Apresentado por  Lucas Blanco, Head de TI da Faber-Castell, o estudo de caso “Roadmap Direcionado a um Negócio”  detalhou a estratégia da empresa pós-pandemia, centrada no conceito de “One Company”, onde todas as empresas do grupo devem operar sob os mesmos processos.

No primeiro ano de implementação do projeto, a Faber-Castell realizou uma série de diagnósticos para entender as necessidades de reestruturação de TI. O segundo estágio envolveu a preparação, com a seleção de key users e a contratação de temporários para auxiliar na implementação e migração para a Nuvem. A partir de novembro, a empresa entrou na fase de transformação e aplicação da unificação, com uma expectativa de implementação de 18 meses.

A fase final, de inovação, busca identificar e aplicar novas ferramentas para aprimorar o processo. Blanco mostrou como a Rimini Street desempenhou um papel crucial ao apoiar a operação da Faber-Castell durante todo esse processo, garantindo que a empresa pudesse continuar operando sem interrupções, ao escolher um modelo de ERP Composable.

Benchmark nacional de ERPs

Durante o evento, a Rimini Street e a Kearney apresentaram um estudo de benchmark nacional de ERPs e Sistemas de Gestão Corporativa. A apresentação, liderada por Fábio Yoshitomi, Senior Partner da Kearney, e Edenize Maron, diretora-presidente da Rimini Street, destacou a motivação por trás da criação do benchmark e os principais resultados obtidos.

Fábio Yoshitomi explicou o objetivo principal era abordar as dores dos processos de ERPs, oferecendo uma visão clara sobre o cenário atual e os desafios enfrentados pelas empresas brasileiras na implementação e gestão de sistemas de ERP.

Os resultados do estudo revelaram dados significativos sobre a adoção e satisfação com os sistemas de ERP entre as empresas brasileiras:

  • Predominância do SAP: a maioria das empresas utiliza SAP (79%), com a versão mais usada sendo SAP ECC (83%). Este dado destaca a predominância da SAP no mercado brasileiro de ERPs.
  • Satisfação com a versão atual: apesar de 80% dos clientes estarem satisfeitos com sua versão atual, 65% demonstraram desejo de migrar ou implementar uma nova versão, refletindo um equilíbrio entre satisfação e a busca por inovação.
  • Obstáculos na implementação: os principais obstáculos enfrentados durante a implementação incluem key-users pouco preparados (46%) e a difícil gestão de mudança organizacional (40%).
  • Tempo de implementação: o tempo de implementação de projetos varia consideravelmente, com 32% levando de 6 a 12 meses, 26% de 12 a 18 meses, e 20% de 24 a 26 meses.
  • Custos de implementação: os custos de implementação também variam, com 62% das empresas gastando até 25 milhões de reais e 16% entre 25 a 50 milhões de reais.

Edenize Maron, enfatizou que, embora os sistemas antigos não necessariamente apresentem problemas, a inovação e a busca por novas versões continuam sendo um foco para muitas empresas. Ela destacou que “não é porque o sistema é antigo que ele é ruim ou vai dar problema”.

Apesar das dificuldades encontradas, como key-users pouco preparados e a complexidade na gestão de mudanças organizacionais, fica claro que a busca pela inovação e pela melhoria contínua segue como prioridade para as empresas brasileiras. “O estudo não apenas oferece insights importantes sobre o panorama atual dos ERPs no Brasil, mas também aponta para a necessidade de estratégias adaptativas e focadas no futuro para enfrentar os desafios em constante evolução no campo da gestão corporativa”, disse Edenize Maron.

Desafios de Negócios e a Importância da TI como Catalisador

Assista ao painel agora

O painel “Enfrentando os Desafios de Negócios com a TI como Catalisador” foi um dos pontos altos do evento, contando com a participação de Alexandre Moço Barros, CPO do grupo Casas Bahia, e Sérgio Barros, CTO da Americanas. A mediação foi de Edenize Maron, diretora-presidente da Rimini Street, que iniciou questionando sobre a preocupação brasileira de fazer ROI antes de investir, um dado apontado por Seth Ravin em sua apresentação, de acordo com a pesquisa global que a empresa realizou este ano com CFOs e CIOs.

Alexandre Moço Barros destacou que isso faz parte das peculiaridades do mercado brasileiro, que traz uma grande necessidade de adaptações rápidas e investimentos estratégicos devido às crises frequentes enfrentadas pelo país. Ele deu como exemplo a questão da Reforma Tributária, que vai levar as empresas a trabalharem com dois sistemas distintos durante alguns anos. “Não quero ficar só na conotação negativa, tantas crises e mudanças têm também uma carga muito positiva, pois impulsionam a inovação, as transformações e mudanças nas organizações, o que é muito bom”, refletiu o executivo.

Sobre o lado ruim de tantas mudanças, Sérgio Barros, CTO da Americanas, falou que muitas vezes as mudanças criam customizações muito grandes, o que aumenta o custo de manutenção dos sistemas. Para minimizar isso, é necessário ter uma visão racional e com governança. “Especialmente a gente que é empresa de varejo, acostumado a margens muito apertadas, aumentar o custo afeta a forma como eu me comporto, como o meu cliente se comporta e o resultado final como um todo. É uma bola de neve, você acaba impactando toda a cadeia, tudo o que foi desenhado”, explica.

Para Barros, ter uma visão clara dos objetivos de negócio, o roadmap, permite que a empresa se adapte e tenha resultados melhores. Ele comentou que a Americanas tem um contexto dinâmico de fusões e aquisições (M&As), com complexidades únicas, como o PMI – Post Merge Integration – e que é de extrema prioridade garantir que as integrações sejam eficazes e estratégicas. “Unificar sistemas e processos em um ambiente de crescimento acelerado requer uma abordagem meticulosa e adaptável. Muitas vezes os negócios são integrados mas, por trás, existem dois ou mais sistemas rodando fazendo a mesma coisa.” Para ele, o desafio dos CIOs é desenhar um futuro mais sólido, investir até certo CAPEX para tornar um OPEX mais saudável, passando por construir uma arquitetura distinta, o que esbarra muito em governança e processos.

Em termos de investimentos e projetos, Edenize Maron relembrou que, ao assumir como CTO da Americanas, Sergio Barros tinha um quadro delicado e que precisaria de um grande investimento em TI para colocar a empresa em um outro patamar de tecnologia. Porém, ao invés de fazer isso, ele trabalhou primeiro na operação, buscando os quick wins e outros benefícios. Ao questionar Alexandre Moço, CPO do grupo Casas Bahia, sobre a hipótese de uma situação similar, o Diretor de Compras

Ao questionar se faz sentido que as empresas, de uma forma geral, olhem para sua operação de forma a buscar quick wins através de eficiência, Alexandre Moço respondeu que sim, pois é necessário começar pelo que dá mais resultado em curto prazo. “Quando se consegue implementar um quick win, você está melhorando a condição da empresa, os resultados, e isso é bom para o mercado, que vê de uma forma positiva aquele movimento”, explicou Moço, que também disse que é uma forma de ganhar confiança dos stakeholders para obter recursos para desafios maiores. “Às vezes nem é questão de investimento de CAPEX em TI”, falou o CPO. Ele continuou: “Pode ser uma mudança no processo que gera um resultado significativo para a organização. É alguma coisa que você deixa de fazer, às vezes, que realmente não estava agregando valor, e isso gera um resultado significativo para a organização e te credencia para fazer outros passos semelhantes”.

Barros complementou que, ao olhar para a operação primeiro para construir um futuro, é preciso traçar uma rota para o potencial. “É necessário conhecer a sua operação, seu negócio, o cliente, e todas as necessidades, para primeiro limpar a casa e criar um ponto zero saudável. Investir no básico para depois encarar investimentos mais complexos, que tendem até a serem menores. E infelizmente a maioria dos profissionais de tecnologia desconhecem a operação atual, o que é inaceitável”, afirma o CTO, que sentenciou que “o desconhecimento do futuro é aceitável, o do presente não pode ser”. Ele acredita que é preciso ter desenhos e fluxos bem conhecidos da tecnologia e do negócio para que os pontos de partida sejam saudáveis.

Indo além nesse ponto, Alexandre Moço Barros disse que atualmente se faz um mapeamento detalhado da jornada do cliente, mas que também é preciso fazer o mesmo para a jornada do colaborador. Moço comentou que já viver experiências profissionais onde teve que re-implementar o REQ-To_PAY todo e o grande sucesso do projeto não foi a integradora contratada ou os módulos repactuados com a SAP, mas sim entender a jornada do colaborador, indo além dos key user, e passando por toda a companhia. “O projeto não é da TI, é da empresa como um todo. E isso inclui a ponta do processo, como as lojas, PDV, vendedores, etc. O negócio como um todo atinge um outro patamar, com profissionais focados em gestão de mudança”, explicou.

Para finalizar o painel, a diretora-presidente da Rimini Street perguntou o que é fato e o que é mito na redução de custos. Considerando que os dois participantes já tiveram experiências profissionais em consultorias de reestruturação e de private equity, ela fez a pergunta considerando que sempre se fala muito em redução de custos e eficiência. Edenize Maron fez uma analogia comum no meio, de que custos são como unhas – é preciso cortar com frequência.

Para Sérgio Barros, é preciso entender que cortar custos é, sim, algo a se olhar sempre, mas não é para fazer de qualquer forma. “É sobre performance. Não é cortar na carne, no osso, reduzir a qualquer custo, porque nisso você perde qualidade, perde a identidade”, explicou o CTO da Americanas. “No caso de varejo, o cliente chega na sua gôndola e não te reconhece, não reconhece a organização. Então não é simplesmente cortar custos. É preciso olhar para as ociosidades, subcontratações e super contratações, para o que é inaceitável. Principalmente, contratar bem de agora para a frente. E aí voltamos para a governança, não tem como sair dela”, afirmou.

O CPO do grupo Casas Bahia lembrou que, em geral, se tem um orçamento que é referência para tudo. Porém, mesmo que se faça um Zero Based Budget, não é obrigatório incorrer naqueles custos, e é importante economizar o que for possível. Alexandre afirma que acredita ser mito a questão do corte a qualquer custo, ao menos em sua experiência. “A verdade é que existem oportunidades que podem ser aproveitadas de trabalhos em duplicidade, como citou o Sérgio. Duas áreas áreas pedindo a mesma coisa em contratos diferentes. Por que não consolidar e fazer um bid único?” explicou. Ele acredita que essa é uma otimização necessária e que precisa ser feita. As áreas precisam sair dos seus silos e atuarem juntas, dividindo contratos, custos e a gestão.

“Isso é um game changer”, falou Moço. “Você conseguir realmente entender que existem contratos que podem ser compartilhados, que você pode fazer uso da sua escala melhor, consolidando demandas, que você pode ir para o mercado mudando o seu modelo de contratação, em vez de você ficar cobrando determinados SLAs do fornecedor, compartilhando, inclusive, parte do resultado”, complementou.

Trazendo para o universo de tecnologia, Barros lembrou que é preciso ter essas ideias como trilhas a serem seguidas, mas que é necessário cuidado para que não fique algo engessado, pois é uma área em que tudo muda muito rápido. “A tecnologia muda, as necessidades do negócio mudam. Quem preparou o budget para a IA em 2023? Ninguém. E a IA chegou, virou uma necessidade, a gente teve que investir nisso. E teve que colocar no pipe, teve que observar a linha, teve que seguir as restrições orçamentárias, óbvio”, refletiu o CTO, que lembrou que a área de TI pode ser self funded. “As empresas têm a tendência de olhar para os custos quando já é tarde. Se desafiar o tempo todo para olhar para custos e prioridades e começar a governar os processos vai tornar a adaptação sempre mais fácil”.

Ações Sociais e Impacto Global

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Janet Ravin, Vice-Presidente de Marketing da Rimini Street, encerrou o evento destacando a Rimini Street Foundation, que desde 2015 tem impactado globalmente com diversas iniciativas sociais. Com doações significativas e projetos como o “Dia de Carreira” para crianças com câncer em São Paulo e o apoio à Cupcake Girls nos Estados Unidos, a Fundação demonstra um compromisso contínuo com causas humanitárias. A palestra enfatizou o papel da responsabilidade social corporativa, evidenciando como a Rimini Street utiliza sua influência para promover mudanças positivas ao redor do mundo, reforçando a importância de integrar crescimento empresarial com impacto social.

“O Street Smart 2024 trouxe aos presentes aprendizados cruciais”, afirmou Seth Ravin, “a necessidade de uma abordagem estratégica na adoção de tecnologias emergentes como IA, analytics e cloud para maximizar o ROI e alinhar com os objetivos de negócios. Além disso, destacou a importância da reforma tributária para promover simplificação, equidade e competitividade no ambiente empresarial brasileiro. A integração desses elementos não apenas impulsionará o crescimento empresarial, mas também reforçará a responsabilidade social corporativa, evidenciada pela Rimini Street Foundation, que exemplifica o compromisso com iniciativas humanitárias globais”, afirmou o CEO.

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